Fernando Pessoa- Aniversário
A segunda estrofe levanta a questão: o que foi o sujeito poético? foi aquilo que ele mesmo supunha ser e foi amado (vv. 11 a 14), o que só hoje sei que fui..." (v. 15). Ou seja, na infância era feliz, mas não sabia que o era; só agora, no presente, em que já não possui a inocência e a inconsciência desse tempo, sabe que foi (feliz). Já não é o pretério imperfeito que domina, mas o pretérito perfeito, que revela uma época passada concluída.
Na terceira estrofe, «saltamos» para o presente, tempo em que a felicidade foi substituída pela dor ("e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas" - v. 21). Mais: presentemente, o «eu» sente-se abandonado, tal como sucedeu à casa da sua infância, que foi vendida e surge abandonada, cheia de humidade nas paredes, ideias transmitidas pela comparação do verso 19 e pelas metáforas que se lhe seguem. A metáfora do verso 24 traduz a frieza que caracteriza o sujeito poético na actualidade, o tempo que já passou e não regressa. Em síntese, o presente é um tempo de dor, de abandono, de ausência, de