Fernando Gil Teixeira 8
Foram-me concedidos os famosos três desejos. Sim, aqueles que costumam aparecer nos filmes e nas anedotas, aqueles com que sonhamos durante toda a nossa infância e para os quais inventamos mil e uma soluções. Foram-me concedidos os famosos três desejos, e comecei dedicadamente a edificar uma lista de prioridades. Originalmente escrevi cem desejos, rabiscando cheguei aos vinte e a partir daí tornou-se mais complicado decidir. Passei uma noite em branco a tentar eliminar mais uns quantos, mas de madrugada o papel ainda tinha dez opções bem no topo e bem equilibradas quanto à sua importância.
Olhei para o ecrã do telemóvel e ainda não tinha recebido uma resposta. Estava apaixonado de uma forma inexplicável. Todas as noites Margarida vinha ao meu encontro para me tentar. Não me respondia e eu não ganhava coragem para a ela me dirigir. Pois no sonho, ai no sonho. No sonho falávamos, no sonho beijávamos, no sonho amávamos para sempre. Mas aquela hora da manhã olhei o ecrã do telemóvel e ainda não tinha recebido uma resposta. Foi aí que me apercebi dos três desejos a escolher.
Primeiro, pedir que esse sonho se tornasse realidade. Para que pudesse viver o meu sonho para sempre mais do que umas meras quatro horas de sono por dia. Para que pudesse viver, para que pudesse sentir, para que pudesse amar, para que pudesse beijar, para que pudesse acreditar.
Segundo, que pudesse ser eu o dono do amor. Não do meu amor, não do teu amor. Do amor, de todo o amor. Não sou egoísta e não sou invejoso, gostava de poder distribuí-lo, dá-lo em ocasiões festivas, compensar todos aqueles que com quem fui injusto, errado ou covarde. E essa lista vai tão longa que não sei se todo o amor chegaria…
Terceiro, que voltasse tudo a ser como dantes. Não quero viver uma ilusão tornada realidade e disfrutar dela sabendo que fui que a criei. Não quero ser eu a decidir a quem deve caber amar. Não quero viver eternamente prisioneiro de um sonho. Não quero ser rei de um paraíso