FENTON
Requalificação e
Descontaminação dos Solos
Considerações sobre
Tecnologias de Reabilitação de Solos Contaminados
António M. A. Fiúza
Prof. Catedrático, Coordenador Científico do Centro de Investigação em
Geo-Ambiente e Recursos (CIGAR), Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto afiuza@fe.up.pt As consequências na saúde pública derivadas da existência de solos contaminados foram reconhecidas desde os finais dos anos
70 do século XX originando a criação de legislação específica na maior parte dos países desenvolvidos. Desde então, e especialmente nos últimos 15 anos, desenvolveu-se uma panóplia de tecnologias susceptíveis de aplicação a contaminações de diferente composição química, localizadas em vários tipos de solo e a diferentes profundidades. Referem-se as tecnologias mais utilizadas, o seu campo de aplicação e por vezes expõem-se os efeitos perversos potenciais que podem originar. O projecto da reabilitação de solos e aquíferos exige a participação de equipas com conhecimentos multi-disciplinares profundos.
INTRODUÇÃO
Passaram já 30 anos desde que o primeiro grande desastre ambiental motivado pela contaminação de solos com produtos tóxicos e cancerígenos, Love Canal, na fronteira americano-canadiana, foi reconhecido pelas entidades oficiais ao mais alto nível, pelo próprio
Presidente Jimmy Carter, que declarou o estado de emergência federal para a zona. Pela primeira vez as autoridades públicas viram-se obrigadas a reconhecer que as deformações de nascença que afectaram
56% das crianças nascidas na zona, que os casos excessivos de leucemia e de outras formas de cancro, eram consequência directa da contaminação de um solo utilizado durante anos pela indústria química como local de armazenamento de resíduos e de derrame de efluentes. E, no entanto, tantas outras contaminações de solos tinham ocorrido anteriormente em todo o mundo sem que ninguém questionasse as práticas industriais