Fensaios
PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS EM LETRAS DE MÚSICA
Com a deflagração do golpe militar em 31 de março de 1964, o panorama da sociedade brasileira iria mudar radicalmente, a começar pelas sanções impostas pelos novos governantes no que tange às liberdades democráticas, impondo gradativamente um silêncio autoritário que iria fazer calar as vozes mais brilhantes do país, em todos os campos do conhecimento. As contradições do regime recém-imposto iriam tornar-se bem evidentes quando anunciaram a possibilidade de eleições diretas em 1965 e logo depois sufocaram os anseios da população mantendo as forças armadas sob o comando do exército no poder. Essas e outras atitudes como a cassação de deputados, as restrições a imprensa e às artes, notadamente na música popular, geraram uma insatisfação que tinha na universidade seu apelo maior. Vivíamos em constante tensão, nossos passos eram vigiados, e nossas consciências manipuladas. Mas com todo esse clima o Brasil conseguia sobreviver com uma efervescência cultural extraordinária, e a porta vez da insatisfação era capitaneada pela música popular que vivia momentos gloriosos, principalmente em função do sucesso dos Festivais que eram realizados pelas emissoras de televisão. A produção musical brasileira estava dividida em dois extremos, aqueles que se vinculavam ao “iê iê iê” sob a influência dos Beatles e os outros que se preocupavam com as questões sociais e que passariam a história como os compositores de uma vertente denominada de música de protesto. O maior expoente dessa canção arrebatadora e que criticava abertamente o regime foi Geraldo Vandré, artista típico de uma geração contestadora e que sabia muito bem qual o seu papel na sociedade e a importância da mensagem que a sua