Fenomenologia
A relação psicoterapêutica na abordagem fenomenológico-existencial JADIR MACHADO LESSA (*)
ROBERTO NOVAES DE SÁ (**)
A EMERGÊNCIA HISTÓRICA DA
PSICOTERAPIA EXISTENCIAL
A Psicoterapia Existencial surgiu no momento histórico em que havia certa insatisfação com relação aos resultados do trabalho proposto por Freud.
Embora a Psicanálise tenha sido, em muitos sentidos, revolucionária com relação à tradição psiquiátrica, pouco tempo após seu surgimento os próprios psicanalistas já lhe haviam feito uma série de revisões.
May (1988, p. 46) afirma que “seria um erro identificar o movimento existencial em psicoterapia simplesmente como mais um na linha de escolas que derivaram do freudianismo, ou de Jung, Adler e daí por diante”.
Esclarece que, em pelo menos dois pontos, o existencialismo difere dessas correntes: primeiro porque não é criação de nenhum líder isolado, tendo se desenvolvido, espontaneamente, em diversas partes da Europa; em segundo lugar, a psicoterapia existencial não se propõe a fazer acréscimo ou revisão da Psicanálise, mas se apresenta como uma outra maneira de conceber e, portanto, de compreender clinicamente o ser humano. Tal maneira prioriza a existência concreta do homem, saindo de concepções
(*) Presidente da Sociedade de Análise Existencial e Psicomaiêutica – SAEP, Brasil.
(**) Universidade Federal Fluminense, Brasil.
teóricas que são muitas vezes abstratas e distantes da realidade do paciente.
A perspectiva que ainda hoje prevalece para a experiência mediana é a divisão cartesiana sujeitoobjeto. A visão de que o sujeito é a mente pensante e o objeto é tudo o mais, inclusive o corpo desse ser pensante, faz com que o indivíduo desvalorize tudo aquilo que não seja dedutível à dimensão racional. Quase todo saber se desenvolve a partir daí. O ideal científico tradicional de buscar a essência de todas as coisas ainda possui seu vigor e, para grande parte da