Fenomenologia, humanização e promoção da saúde: uma proposta de articulação
Annatália Meneses de Amorim Gomes; Eliana Sales Paiva; Maria Teresa Moreno Valdés; Mirna Albuquerque Frota; Conceição de Maria de Albuquerque
Saude soc. vol.17 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2008
Esse texto visa trazer ao debate, na forma de ensaio, a possibilidade de articulação entre a proposta fenomenológica, a humanização e a promoção da saúde. É claro que se faz necessário ficar ciente de que a fenomenologia é uma prática ilimitada, tanto na perspectiva de estudo como no âmbito de uma teoria aplicada aos diversos campos de saber.
A delimitação do estudo sobre fenomenologia é complexa, uma vez que o seu étimo (fenomenologia é a teoria dos fenômenos) não tem origem preestabelecida e, ao mesmo tempo, por ser uma forma possível de leitura, toda filosofia poderá considerar-se fenomenológica. Como estudo, a fenomenologia pode ser examinada sob três ângulos: como Escola Fenomenológica, como Método fenomenológico e como Movimento fenomenológico. Além do mais, a designação "fenomenologia" foi utilizada em contextos extrafilosóficos (Psicologia, Psicanálise, Filosofia social, Física, Direito, dentre outros).
É melhor ficar esclarecido, portanto, que é o método fenomenológico, como leitura possível e a partir da sistematização de Husserl, que será o ponto de partida deste escrito.
Nesse sentido, o termo fenomenologia foi estabelecido pela primeira vez por Johann Heinrich Lambert (1728–1777), filósofo suíço, em Novo Organon, para designar a "ciência das aparências"; e por Kant, na Metafísica, para indicar aquela parte da teoria do movimento que considerava o movimento e o repouso da matéria somente em relação às modalidades em que eles aparecem no sentido externo; depois, com Hegel em Fenomenologia do Espírito (1807), para designar o "vir-a-ser" da ciência e do saber. No final do século XIX e início do século XX, com Edmund Husserl, a partir das Pesquisas Lógicas (1900),