De acordo com Mônica Maia, “falar sobre legalização do aborto é, necessariamente, falar sobre feminismo”. O movimento feminista, desde sua gênese, lutou pelos direitos sexuais e autonomia sexual e reprodutiva para mulher. Ela, por causa do patriarcado, é oprimida em muitos aspectos da vida social. A ela são atribuídos papeis que o patriarcado prega serem “naturalmente femininos” como atividades domésticas e a maternidade. Acredita-se que as características “masculinas” e “femininas” são biológicas e, portanto, naturais. Na verdade, porém, são aprendidas socialmente, portanto, culturais. Os discursos religiosos e morais estão impregnados de ideologias patriarcais e pregam (muitas vezes de forma sutil) que as mulheres são frágeis e devem ser submissas aos homens. A elas está resguardado um lugar “especial”, longe das discussões importantes e perto da educação dos filhos e dos cuidados com a casa. É um grande “privilégio”. Elas, depois de muita reflexão e estudo (o movimento feminista começou na Academia) se entenderam como vítimas do patriarcado e se organizaram para lutar contra isso. A violência sofrida pela grande maioria das mulheres dentro das suas casas e instituições que construíam, passou a ser vista como reflexo direto do machismo. Nos anos 1970, aqui no Brasil, começaram a se reunir em grupos para compartilhar experiências e foi aí que o movimento feminista começou a ganhar corpo no nosso país. Nos anos 1980 conseguiram vitórias como inclusão, na nova Constituição, do direito de abortar para mulheres que sofreram estupros ou que tivessem risco de morrer na gravidez. A bancada conservadora do Congresso e Senado sempre reproduziu a lógica do patriarcado e reafirmava o “dom da maternidade”. Eles fecham os olhos para as mulheres que morrem todos os dias porque fizeram um aborto clandestino. Anulam-se quando o feminismo argumenta que o aborto é um caso de saúde pública. Desde a proclamação da República, no século 19, o Estado brasileiro é laico. O