Felizmente h luar
A peça chama a atenção do leitor para a enorme injustiça política e social experienciada pelo povo português, tanto em 1817 às mãos da junta governativa liderada pelo general inglês Beresford, como mais tarde às mãos de Salazar e do seu Estado Novo.
Apesar de ter sido inicialmente censurada pelo regime salazarista, esteve proibida até 1974 e apenas em 1978 foi levada à cena, a peça contribui para celebrizar Sttau Monteiro e pode ser hoje considerada como um dos maiores manifestos políticos do teatro nacional, pois faz um verdadeiro apelo às consciências.
“Felizmente há Luar!” retrata então a conspiração abortada de 1817, que antecedeu a revolta liberal de 1820, e que teve como presumido líder o General Gomes Freire D’Andrade. A história tem então como pano de fundo as invasões francesas de 1789, que forçaram a corte portuguesa a exilar-se para o Brasil e pedir ajuda administrativa a Inglaterra. Com a corte do outro lado do Atlântico, Portugal fica ao cuidado de uma junta governativa composta pela nobreza, o clero e o exercito. A ação da peça pode ser sintetizada da seguinte forma: perseguição política a Gomes Freire de Andrade, à qual se segue a prisão do General e a sua condenação à morte. Assistimos depois à revolta de Matilde e de Sousa Falcão, e por fim à resignação do povo. Poderíamos dividir o espaço onde decorre esta ação em duas categorias: o espaço físico, com a ação a desenrolar-se em diversos locais, tanto exteriores como interiores, mas sem existirem referências a cenários diferentes; e o espaço social, o meio social onde as personagens se inserem, distinguindo-se umas das