Federico Fellini e o s culo das imagens
Felipe Marques Maciel
Iniciemos com uma parca biografia: Federico Fellini nasceu em 20 de janeiro 1920, em Rimini, Itália. Seu primeiro emprego foi o de caricaturista em jornais satíricos, mas já nos anos ’40, com vinte anos, começou a colaborar em diversos roteiros. Dez anos depois ele já dirigiria seu primeiro filme, Mulheres e Luzes – já que em Roma, cidade aberta sua função foi a de assistente de direção de Roberto Rossellini, amigo seu. O primeiro Oscar e o reconhecimento internacional vieram em 1954 com A estrada da vida. Em seus primeiros trabalhos já podemos identificar um estilo inovador que, posteriormente, se tornaria adjetivo: A desconstrução da noção de enredo, a exploração do mundo imaginário, as lembranças de infância, o inconsciente e a atmosfera sonhadora ganharam destaque em sua obra e claro, as obsessões femininas se sucedem e se chocam em meio ao panorama cotidiano e corriqueiro.
A exposição Tutto Fellini consegue, de maneira exemplar, transmitir ao visitante um diálogo entre imagens fixas e em movimento, destacando a importância das fontes de inspiração como matéria-prima do processo criativo e apontando o estúdio como o local em que o imaginário se torna realidade. Como o próprio Fellini já disse, “o cinema é feito por meio de imagens. A imagem se ajusta por meio da luz e é essa luz que cria a imagem. Acho que o estúdio é o lugar em que as imagens que vimos em imaginação podem ser realizadas, com controle de tudo, exatamente como faz o pintor com seu pincel sobre uma tela. Nesse sentido, creio que o cinema tem uma relação estreita com a pintura e, portanto, com a luz”. Notamos, então, uma comparação entre o cineasta e o pintor, uma vez que ambos têm o pleno controle sobre o produto de seu engenho.
Observa-se também a relação íntima do cinema felliniano com temas concernentes à cultura popular; alimentando-se do mundo que o cerca e apropriando-se das histórias presentes, ele se apodera do real,