Fechando as contas com a redemocratização: As Jornadas de junho como ponto final dos ciclos políticos da redemocratização brasileira.
As Jornadas de junho como ponto final dos ciclos políticos da redemocratização brasileira.
Felipe Moura de Andrade
Como nos relembra Renato Ribeiro logo ao prefaciar o trabalho de Nogueira
(2013), quatro datas ficaram marcadas na história recente do Brasil, 1984 com as manifestações por eleições diretas, 1994 com a vitória sobre a inflação com o Plano Real, 2003 com a posse de Lula e sua decisão de enfrentar e erradicar a miséria e promover a inclusão social e 2013, ano descrito como inesperado e rico. As três primeiras datas apesar dos diferentes conteúdos históricos guardam em si alguns elementos que as aproximam, as três foram capazes de gerar expectativas de momentos melhores a partir da experiência de superação da nação em face de fracassos anteriores. Mas, e os protestos iniciados em
2013, o que guardam?
Os quatro eventos apontados por Ribeiro podem ser melhor compreendidos se recolocados em um pano de fundo mais amplo, de que trata Scherer-Warren
(2012) ao apontar que, na relação entre Estado e movimento social no Brasil nos últimos 50 anos, devemos falar também em quatro grande ciclos de ações coletivas. O primeiro ciclo, que se desenvolve nos anos 1960 e 1970, é o do movimento cívico, caracterizado pela resistência ao autoritarismo do Estado.
Este movimento era composto por segmentos das camadas populares, intelectuais e artistas, bem como pelo movimento estudantil, objetivando resistir ao autoritarismo estatal e democratizar o regime político e a sociedade. Neste período, surge um novo sindicalismo que, além de lutar pela democratização mais ampla da nação, propunha a independência dos sindicatos em relação ao
Estado, quando surgem também novas organizações camponesas e aqueles chamados “novos movimentos sociais”. Scherer-Warren menciona:
O fim deste período fecha-se com as mobilizações pela Lei de Anistia, assinada em 1979, possibilitando o retorno de exilados políticos, muitos
dos