Febre na criança
Editorial Editorial Editorial
Tratamento da febre em crianças
Treatment of fever in children El tratamiento de la febre en los niños
Lucia Ferro Bricks1
A febre é uma das queixas mais comuns durante os atendimentos pediátricos. Embora na maioria das vezes seja a primeira manifestação de infecções virais agudas, a presença dela é temida, pois também pode ser o sinal inicial de doenças graves1. Existem diversas controvérsias sobre a melhor conduta na criança com febre, em especial quanto ao uso de antitérmicos, que serão sucintamente abordadas a seguir.
Conceito
No sistema nervoso central, a temperatura corpórea é mantida em torno de 37ºC, com variações de 0,6 a 1,1ºC durante o dia. Usualmente, define-se como febre a temperatura retal igual ou superior a 38ºC, pois a temperatura nesse local apresenta a melhor correlação com a temperatura central. Medidas de temperatura tomadas em outros locais, como boca, axila, tímpano ou pele, têm maiores variações em relação à temperatura central e são menos confiáveis. Apesar disso, no Brasil e em muitos outros países a temperatura é tomada na axila e o conceito de febre é firmado para temperatura axilar acima de 37,3ºC1.
Tratamento
A necessidade de tratamento da febre é polêmica, pois a resposta febril está associada a aspectos positivos, como o aumento da migração de neutrófilos e a produção de interferon gama e outras citocinas, que desempenham
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relevante papel na resposta imune para a eliminação de vírus e bactérias. Em animais de experimentação, a supressão da febre está associada a maior letalidade nas infecções bacterianas e, em humanos, a redução da temperatura com o uso de antitérmicos pode ocasionar excreção mais prolongada de vírus respiratórios. Portanto, do ponto de vista médico, as indicações para combater a febre são bastante restritas, indicando-se antitérmicos apenas quando a temperatura alta é motivo de desconforto ou risco para a criança1-3. Do