artigo científico Febre Amarela: Análise da Estratégia de Vacinação e Controle no Brasil A febre amarela é uma doença que esteve sempre presente na vida dos brasileiros, e a vacina contra esse agente é atualmente a mais antiga em uso no país. Apesar disso, os casos de febre amarela e o risco de reurbanização da doença continuam gerando grande repercussão na população e na comunidade científica, e a decisão de vacinar ou não ainda é motivo de debate entre especialistas. Esta revisão pretende discutir as evidências disponíveis sobre os riscos e benefícios da utilização da vacina, avaliando as medidas de prevenção e controle atualmente recomendadas. A Doença Manifestações clínicas A febre amarela é uma doença febril aguda, de curta duração (no máximo 12 dias) e de gravidade variável, cujo agente etiológico é um arbovírus do gênero Flavivírus (lat. flavus = amarelo), família Flaviviridae1,2. Seu período de incubação é de três a seis dias, ao que se segue o período de infecção, com duração de um a três dias e, caracterizado pelo aparecimento dos primeiros sintomas1,2. Nos casos identificados no Brasil nos últimos anos, os sintomas mais comuns foram1: febre, calafrios, cefaléia, mialgia generalizada, prostração, anorexia e vômitos. Após um breve período de remissão, similar ao observado na dengue, quando ocorre uma melhora dos sintomas, que pode levar de duas a 48 horas, os casos que evoluem com gravidade entram no chamado período de intoxicação. Em geral, observado do 4º ao 10º dia, caracteriza-se por um agravamento dos sintomas, com o aparecimento de icterícia e manifestações hemorrágicas (epistaxe, hematêmese, melena, gengivorragia, hematúria), podendo evoluir com o ligúria, anúria, choque, estupor e coma. A letalidade das formas graves é de, aproximadamente, 50%, mas deve-se ressaltar que, quando se considera todas as formas clínicas da infecção, incluindo as assintomáticas, a letalidade se situa na faixa dos 5%1,2. Não existe terapia específica para a febre amarela.