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521 palavras
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Rei na busca por uma fala fluente – constrangimento, vergonha, alívio. Revelam a angústia que tomava a todos enquanto o Rei sofria para falar, seja para o povo, seja para as suas filhas. A revelação desses rostos torna cruel o pensamento, exteriorizado por alguns personagens, de que a gagueira de George VI seria sinal de covardia, de incapacidade. Em alguns momentos, covardes e incapazes foram os outros, quando a História lhes reclamou seu lugar, e eles dele declinaram.O mesmo plano fechado mostra em plenitude e fidedignidade o que se passa na mente e no corpo de uma pessoa que gagueja, quando ela precisa, justamente, não gaguejar. Quem gagueja deve entrar no cinema preparado para poderosas emoções, porque Colin Firth consegue traduzir no rosto o que se passa conosco. De fato, em entrevista, o ator demonstra reconhecer plenamente o fardo que carregamos, ao afirmar que, assim como nós, necessitou viver o sacrifício que é, para quem gagueja, a tentativa de não gaguejar. Nós que gaguejamos sabemos o que essa revelação nos provoca, mas agora ela vai provocar a todos, porque é muito difícil alguém sair do filme ainda acreditando que quem gagueja o faz sem sofrer, ou o faz porque quer, ou porque lhe falta coragem. E quanto a isso temos muito que agradecer a esse ator inglês que iniciou sua carreira no cinema interpretando homens poderosos e decididos, que ao longo do tempo foram se tornando complexos, interessantes, com sua força sendo revelada através das enormes dificuldades por que passam. Assim é o Rei George VI que Colin Firth nos oferece.
Mas não se pode concluir esta resenha sem citar as personagens importantes que estiveram junto ao Rei e que o ajudaram a encontrar caminhos por entre o turbilhão em que sua vida se transformou depois que, para seu desespero, seu irmão mais velho abdicou do trono em seu favor. Sua esposa e seu amigo Lionel Logue representam, com sua confiança e respeito, todos aqueles que também estão junto de nós, nos auxiliando nas formas