FAZENDEIRO DO AR E A FASE DO DESENCANTO NA POESIA DRUMMONDIANA
O livro Fazendeiro do ar, publicado em 1953/1954 , em geral é estudado pela crítica em conjunto com outras três obras do autor: Novos Poemas(1948), Claro Enigma(1951) e A vida passada a limpo (1959) – formando, em conjunto com referidas obras, o que foi chamado por José Guilherme Merchior de “quarteto metafísico” das obras de Drummond.
O estudo conjunto dessas obras é justificado por uma identificação temática e de estilo, que as aproxima entre si enquanto as distancia de toda a obra anteriormente produzida por Drummond. Com efeito, esse conjunto de obras representa uma substancial mudança no tom e na forma da poesia de Drummond. Se o jovem poeta de Alguma Poesia (1930) apresentava uma temática centrada no eu e na relação deste eu com o mundo (o eu maior que o mundo), e o poeta de Sentimento do Mundo (1940) voltava seus olhos para o a sociedade e reconhecia a grandiosidade das questões do mundo (o eu menor que o mundo), o Drummond do quarteto metafísico é ainda outro: etéreo, lírico, maduro, metafísico e desencantado (o eu igual ao mundo).
De modo mais preciso, podemos afirmar que o aspecto que marca Alguma poesia é o sofrimento do indivíduo diante do mundo, em Brejo das Almas (1934) acentua-se a ironia do poeta frente a este mesmo mundo, em Sentimento do Mundo (1940) a questão social e o ar de luta tomam a dianteira na temática de sua poética, deixando sua marca também em José (1942) e em A Rosa do Povo (1945). Já em Novos poemas (1948), é possível vislumbrar um afastamento do poeta da abordagem de questões sociais, o que anuncia a segunda mudança de sua poesia, que se consolida em Claro Enigma (1951), obra na qual a poesia de Drummond assume um caráter mais distante, reflexivo, filosófico, etéreo, e ao meso tempo formal, o qual também é notável em Fazendeiro do Ar.
Realmente, se o eu lírico de A Rosa do Povo era repleto de por ideais e certezas, eu lírico, em Fazendeiro do Ar não cultiva