Favelas
Políticas urbanas, territórios e exclusão social: as favelas nas grandes cidades – Brasil e Índia
Marie-Caroline Saglio-Yatzimirsky
O ESPETACULAR crescimento urbano das grandes metrópoles da Índia e do Brasil nos últimos 50 anos, assim como a reestruturação econômica realizada nesses países exerceram impactos comparáveis no que diz respeito à aceleração das desigualdades e da exclusão social. Essas dinâmicas se leem na reorganização do território urbano e na multiplicação dos conflitos entre os pobres e a população de renda média e alta, de um lado, e entre as zonas urbanizadas e as áreas de proteção ambiental, de outro.
Mumbai, capital econômica da Índia, que possui 12 milhões de habitantes (19 milhões habitantes em sua área metropolitana), bate o triste recorde mundial de ter 54% da sua população vivendo em slums, ou seja, áreas de moradia degradada e carente, nas quais os habitantes não possuem títulos legais de moradia. Delhi, com 13 milhões de habitantes (21 milhões em sua área metropolitana), segue com 19% da população vivendo em slums. As favelas são uma importante questão que se repete também nas maiores metrópoles do Brasil, compreendendo mais de 20% da população da municipalidade de Rio de Janeiro (6,2 milhões de habitantes e 11,3 para a sua área metropolitana) e, dependendo das estatísticas, de 11% a 19% da população de São Paulo (10,6 milhões de habitantes e 18,8 milhões incluindo toda a sua área metropolitana).
Um dos principais desafios dessas cidades, imposto pelo crescimento urbano descontrolado e pelas mudanças econômicas que precipitaram mais trabalhadores na rede informal e precária de trabalho, é a multiplicação de ocupações precárias. No Brasil, o fenômeno de "invasão" e ocupação, com ênfase sobre a ilegalidade, predomina. Em Delhi e Mumbai, o slum se define tanto por sua precariedade e