Favela
Belo Horizonte: desafios e perspectivas*
Berenice Martins Guimarães
Antes de entrar no objetivo de análise deste artigo, é importante prestar alguns esclarecimentos sobre as circunstâncias em que se deu a sua produção. Ele é parte de uma pesquisa mais ampla – Metrópole, desigualdades socioespaciais e governança
urbana:Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte – que vem sendo realizada dentro do programa Pronex e da qual fazem parte estudos de algumas regiões metropolitanas do país, em especial Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Porto Alegre.
O estudo sobre favelas na região metropolitana de Belo Horizonte – RMBH – está sendo realizado segundo duas vertentes. A primeira trabalha essencialmente com a questãoenquanto Unidades Espaciais Homogêneas Faveladas – UEHFAV – definidas a partir da identificação dos setores censitários apontados pelo Censo Demográfico como favelas, áreas consideradas UEH especiais. O enfoque de análise centra-se, especialmente,na caracterização e evolução socioespacial dessas unidades no período
1980/1991 e privilegia o estudo comparativo da situação das UEHFAV em relação às demais UEH.
Se, de uma parte, essa abordagem é rica como possibilidade de análise comparativa do processo evolutivo da segregação urbana, de outra, no entanto, apresenta limitaçõesquando nos reportamos ao dimensionamento do fenômeno favela. Na medida em que na composição da UEHFAV foram excluídas as favelas cujo número de moradias era insignificante, bem como aquelas que não apresentaram heterogeneidade em relação ao entorno imediato, perdem-se informações sobre o universo. Outra limitação é que a caracterização da UEHFAV baseada exclusivamente em critérios censitários pode oferecer distorções, às vezes incluindo como favela moradias faveladas e não faveladas.1
Cadernos Metrópole – n. 5
48
A segunda vertente trata, especificamente, da favela como tal, ou seja, a análise centra-se na