Fatores Genéticos
Há forte associação entre DC e antígeno de histocompatibilidade (HLA), de classe II, HLA-DR3 e HLA-DQ2 (DQA1*0501 e DQB1*0201)(92). A grande maioria dos pacientes com DC DR3 negativos são DR5/DR7 heterozigotos(92). Os genes DQA1*0501 e DQB1*0201 estão locados em cis (no mesmo cromossomo) em indivíduos DR3, enquanto estão locados em trans (em cromossomos opostos) em indivíduos heterozigotos DR5/DR7. Assim, a susceptibilidade primária na maioria dos pacientes, aproximadamente 90%, é devida ao heterodímero DQ (A1*0501 e B1*0201), isto é, DQ2, enquanto que 2% a 10% dos que não levam o DQ (A1*0501 e B1*0201), apresentam diferentes variantes de DR4 e DQ (A1*0301 e B1*0302), isto é, DQ8(91). Assim, a DC parece estar associada, principalmente, ao DQ2 e menos freqüentemente ao DQ8.
Fatores Imunológicos
O mecanismo pelo qual o glúten exerce sua ação tóxica ainda permanece obscuro. A presença de células T produtoras de citocina na lesão celíaca ativa e a estreita associação com o antígeno de histocompatibilidade - HLA, sugerem que o sistema imunológico celular tem papel importante no desenvolvimento da doença(91, 98).
Especula-se sobre a possibilidade de que os linfócitos T, portadores de receptores gama/delta, presentes em grande número a nível intraepitelial - linfócitos intraepiteliais - (LIE)(59) em pacientes celíacos (tanto em atividade, como em remissão com dieta isenta de glúten) poderiam constituir um marcador precoce da DC, o que permitiria identificar inclusive as formas latentes(81). Observa-se que tanto familiares de primeiro grau de pacientes celíacos, quanto alguns pacientes com dermatite herpetiforme, podem apresentar importante infiltrado de LIE, sem manifestações digestivas, tampouco atrofia vilositária. No entanto, a especificidade destas células, assim como sua importância na etiopatogenia da DC, não foram, até o momento, suficientemente comprovadas(81). As células T CD4+ glúten-específicas da lâmina própria da mucosa do intestino