Farmacoterapia na saude do idoso
A proporção de idosos na população brasileira vem crescendo rapidamente desde o início da década de 1960, quando a queda das taxas de fecundidade e o aumento da expectativa de vida começaram a alterar sua estrutura, estreitando progressivamente a base da pirâmide populacional e alargando seu ápice. (MENESES, A. L. L de; SÁ, M. L. B., 2011)
O processo de envelhecimento é acompanhado pelo surgimento de múltiplas doenças simultaneamente, sobretudo as crônicas, e, devido a isso, faz se necessário o uso de vários medicamentos de forma contínua e concomitante. (GORZONI, M. L, et al., 2008)
Embora o uso de medicamentos seja uma questão relevante em todas as faixas etárias, as pesquisas sobre o assunto têm se dedicado, com freqüência, ao paciente idoso, em decorrência das peculiaridades desse grupo etário. (LIEBER, N. S. R. et al. 2002)
Os idosos apresentam, com frequência, múltiplas comorbidades e redução da reserva funcional de órgãos e sistemas. A farmacoterapia nesta população tem suas peculiaridades, por redução da massa muscular e da água corporal, alterações do metabolismo hepático, dos mecanismos homeostáticos, bem como da capacidade de filtração e de excreção renal. Disso decorre a dificuldade de eliminação de metabólitos, o acúmulo de substâncias tóxicas ao organismo e a vulnerabilidade à ocorrência de reações adversas. As alterações neurossensoriais (déficit visual, hipoacusia) e o declínio cognitivo tornam ainda mais complexos e difíceis a adesão e o uso apropriado dos produtos farmacêuticos nesta população. Embora a exposição a múltiplos fármacos (polifarmácia) não seja necessariamente sinônimo de prescrição inapropriada ou iatrogenia, aumentam os riscos acima descritos. Além disso, metade dos indivíduos em uso de seis ou mais diferentes fármacos, usualmente recebem as prescrições de três ou mais diferentes médicos, o que aumenta a possibilidade de interações medicamentosas e de desarticulação entre as condutas, agravando a complexidade