FARMACOS EM CRIANÇAS
Eryck Liberato, Patrícia Medeiros Souza,
Celeste Aída Nogueira Silveira e Luciane Cruz Lopes
A prescrição pediátrica deve ser precisa, segura e eficaz. Isso pode ser difícil porque não há suficientes evidências para embasá-la, o que pode acarretar risco para a criança. A aprovação por órgãos reguladores é mais influenciada por considerações comerciais do que clínicas1. Isso resulta em uso de medicamentos não licenciados e prescrição off label. Em geral, pediatras, médicos gerais e outros provêm tratamento com base em sua experiência e julgamento, decidindo sobre indicações, dosagens e formulações2.
Na prática clínica, a prescrição racional de medicamentos deve considerar o emprego de dose capaz de gerar efeito farmacológico (eficácia) com mínimos efeitos tóxicos (segurança). Assim, surge a necessidade de se considerarem características fisiológicas da criança, de acordo com seu período de desenvolvimento, e parâmetros farmacocinéticos do fármaco3.
As características fisiológicas são variáveis, principalmente na primeira década de vida, acarretando mudanças na funcionalidade de cada órgão4. Durante as fases de crescimento (ver Quadro 3), as crianças estão em contínuo desenvolvimento, quando diferenças e processos de maturação não são matematicamente graduais ou previsíveis5.
Quadro 3. Fases de desenvolvimento do ser humano
FASE IDADE
Pré-natal 0-9 meses
Embrionária organogênese 0-3 meses
Fetal 3-9 meses
Inicial 3-6 meses
Terminal 6-9 meses
Natal ou perinatal ou intranatal
Pós-natal
Infância 0-12 anos
Recém-nascido 0-28 dias
Lactente 0-2 anos
Pré-escolar 2-7 anos
Escolar 7-10 anos
Adolescência 10-20 anos
Pré-puberal 10 a 12-14 anos
Puberal 12-14 a 14-16 anos
Pós-puberal 18 a 20 anos
A simples extrapolação de doses de adultos para crianças – baseada apenas em peso corporal, área de superfície corporal ou idade – pode trazer conseqüências drásticas. Assim, eficácia e segurança da farmacoterapia nesta fase