Introdução: A etnobotânica é o estudo das relações entre povos e plantas, considerando o seu manejo, percepção e classificação desse recurso vegetal para as diferentes sociedades. O termo etnobotânica foi utilizado pela primeira vez pelos biólogos europeus em 1985, para designar o uso das plantas por povos nativos. O âmbito do estudo etnobotânico tem se ampliado atualmente, a fim de englobar as relações entre plantas e a cultura humana. O bioma Cerrado possui uma área nuclear distribuída, principalmente, pelo Planalto Central Brasileiro, nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 hectares. É reconhecido através das suas diversas formações ecossistêmicas, podendo ter sob o ponto de vista fisionômico: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo de cerrado, e o campo limpo, que apresentam altura e biomassa vegetal em ordem decrescente. O cerradão é a única formação florestal. Sua típica vegetação consiste de troncos tortuosos, de baixo porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com a presença de diversos ecossistemas; com riquíssimas fauna e flora, sendo essa composta por mais de 10.000 espécies de plantas, sendo 4.400 exclusivas dessa área. Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da década de 1960, com a interiorização da capital e a abertura de uma nova rede rodoviária, largos ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura extensiva, como a soja, arroz e ao trigo. Durante as décadas de 1970 e 1980 houve um rápido deslocamento da fronteira agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que resultou em 67% de áreas do Cerrado “altamente modificadas”, com voçorocas, assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. Resta apenas 20% de área em