Fantasia Tempo De Desejar
Clinica Psicanalitica: Conflito e Sintoma
Ana Paola Miranda Ventosa
FANTASIA, TEMPO DE DESEJAR
Professora: Soraia Bento Gorgati
São Paulo
Novembro/2013
FANTASIA, TEMPO DE DESEJAR
“[...]a subjetividade não tem uma essência, nem sequer uma forma definida. Podemos pensar que ela se assemelha a uma duna de areia que se movimenta e se deixa esculpir pelo sopro dos ventos. Escultura mutante no/do tempo, que se realiza no jogo interminável de construção/desconstrução[...]” (LANZARIN, 2000).
Um dentre tantos legados da construção da teoria psicanalítica, foi a possibilidade do sujeito se reinventar, e nesse sentido o conceito da fantasia é fundamental pela sua atuação atemporal, fazendo coexistir o passado, o presente e o futuro. Para Freud (1908/1987), estes três momentos do tempo se encontram enlaçados na fantasia por um fio condutor: o desejo. É através do desejo, que no psiquismo a conexão de uma experiência passada com uma situação atual, produz o novo:
A relação entre a fantasia e o tempo é muito importante. Pode-se dizer que uma fantasia flutua, por assim dizer, entre três tempos, os três momentos temporais de nosso modo de representar. O trabalho anímico une a uma impressão atual, uma ocasião [vivida] no presente, que foi capaz de despertar um dos principais desejos do sujeito. Daí, o desejo retrocede à lembrança de uma experiência anterior, ao mais das vezes, infantil, na qual aquele desejo foi realizado. Então ele cria uma situação referida ao futuro, que se apresenta como a realização daquele desejo, justamente o devaneio, ou a fantasia, que a partir da situação e da lembrança traz em si os traços de sua origem. Dessa forma, passado, presente e futuro alinhavam-se uns aos outros no colar do desejo que os percorre (FREUD, 1908a/1976, p.153).
Como no sonho, a fantasia expressa a realização de um desejo, além de apaziguar o desprazer, imposto pelas frustações cotidianas, procurando fornecer ao sujeito uma satisfação independente