Fanatismo
A palavra “fanático”, tem a seguinte etimologia segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa: lat. fanatìcus,a,um 'que pertence ao templo (fan), que é inspirado pelos deuses, entusiasmado, apaixonado', pej. 'louco, delirante, furioso, fanático'.
Talvez um pequeno trecho de uma sessão de psicoterapia possa ajudar a compreender melhor a estrutura dessa possível característica humana que acomete muitos de nós em algum momento de nossas vidas ou mesmo em toda ela.
O analisando começou a sessão referida dizendo que estava se sentindo muito mal pelo seu time ter perdido, no jogo que assistira no dia imediatamente anterior. Passara amuado, desanimado, triste mesmo, o dia todo. O futebol, seu time principalmente, é muito importante para ele. Refletindo sobre o fato, sobre o que fazer com essa tristeza, comentou que há muito tempo já ouvira, uma vez, seu pai lhe dizer, após uma derrota do seu time, na adolescência:
- Acho melhor você não ir à escola amanhã...
O “conselho” tinha a ver com o fato de que, se fosse à escola, certamente seria motivo de zombaria dos colegas.
Comentou que o pai falara “meio que em tom de brincadeira”, porém havia “um fundo de verdade” no que ele dissera.
Passou mal naquela ocasião. Quer dizer, o “passar mal” por esse motivo, lembrou, já “era bem antigo”.
Continuando suas reflexões, falou muitas coisas mais.
Ouvindo-o fiquei matutando, tentando compreender sua estrutura psicológica. Onde estavam seus desejos, onde poderia reconhecer em suas palavras, coisas conflitantes, onde estava o conflito entre desejos diferentes.
Aparentemente não existia conflito.
Seu time perdera. O que sentia estava adequado ao fato. Mas, por tanto tempo? Ficar tão irremediavelmente paralisado por ele?
Nessa constelação de sentimentos e pensamentos, pensei, é como se ele deixasse de valorizar qualquer outro aspecto existencial, para priorizar (mais que isso ainda – para realmente derrotar todos os outros aspectos, todo