Família
Ilda Célia de Oliveira
Especialista em Sociologia e Sociologia da Educação.
Este artigo procura demonstrar as mudanças e permanências na história de vida de duas gerações, enfatizando as relações de poder e autoridade no cotidiano familiar. Além da parte teórica, contempla considerações, a partir de levantamento de dados sobre três fanulias de trabalhadores urbanos da cidade de Ibiporã, na região norte do Paraná.
Palavras-chave: farrulia; cotidiano; poder; autoridade.
BREVES NOTAS DOS ESTUDOS
"Os padrões familiares (.. .) são tradicionais apenas na forma pois, na prática social, o seu significado se reveste de conteúdos inovadores [sendo] as relações familiares fundamentais para a reprodução do operá rio, não só no aspecto econômico mas também social e político".
Estas mudanças tiveram início em fins do século XIX e permanecem até nossos dias,. sendo caracterizadas pelo aumento do número de divórcios, queda da natalidade nas classes mais altas, instável posição da mulher, revolução moral, incorporação da mulher no mercado de trabalho, de legação dos cuidados das crianças às instituições, desafio à ética sexual predominante com a nova moral. Todos estes aspectos levam LASCH (1991) a afirmar que a fanu1ia tor nou-se uma instituição incompetente. De acordo com suas próprias palavras,
"A socialização da produção (processo industrial) sob o controle da indústria privada proletarizou a força de trabalho da mesma maneira que a socialização da reprodução proletarizou a paternidade, tornando as pessoas incapazes de prover suas próprias necessi dades sem a supervisão de especialistas profissionais".
(LASCH, 1991, p.43)
Em outros termos, a crise da fanulia expressou-se principalmente pela perda da autoridade do pai, assumindo a comunidade funções que a farru1ia já não conseguia de sempenhar sozinha.
Para Lasch, "as relações dentro da farrulia adquiri ram o mesmo caráter das relações fora dela, o