Família e casamento na antiguidade clássica
(MAUROIS apud JABLONSKI, 1991)
Tradicionalmente, as tendências predominantes no Ocidente, desde os tempos do auge da cultura grega, eram as de exaltação do amor fora do casamento e, muitas vezes, em termos de relações homossexuais.
Sobre essas, é interessante destacar que não são raras as alusões feitas à homofilia ativa nas literaturas grega e romana, e até mesmo em períodos anteriores. Nas tradições romanas, a paixão era vista ora como um tormento, ora como um jogo, mas sempre fora do casamento.
Na Idade Média, surgiu o "amor cortesão", a elegia de um sentimento mágico e, para muitos autores, a origem do chamado amor romântico. O amor cortesão não era devotado ao cônjuge, como se pode ver nos grandes romances da época: Tristão e Isolda, Lancelot e Guinevere, que tratam de amores adúlteros.
Num período em que os casamentos eram arranjados visando a interesses sociais e econômicos, é compreensível que sentimentos arrebatadores, combinação de verdadeira devoção religiosa e luxúria, ocorressem fora das uniões legítimas.
Em 451, o Concílio de Calcedônia considerou a virgindade como um casamento, signo da união entre Deus e o Homem. Nessa época, o casamento entre homem e mulher ainda estava longe da santidade.
Mais tarde, Paulo, missionário cristão e teólogo, apesar de defender a virgindade como um ideal, pregou o casamento entre homens e mulheres. Melhor seria que ficassem castos, mas, já que não conseguiam conter-se, que se casassem.
A maioria dos teólogos dessa época não valorizava a procriação como virtude do casamento. No mundo ideal, onde todos vivessem castos e puros, a espécie humana seria propagada como os anjos, sem a intervenção do pecado. Dessa maneira, o casamento era um mal, pois supunha o pecado da carne, porém um mal menor, visto que impedia a fornicação.
" E há homens que se fizeram eunucos voluntários para ganhar o Reino dos Céus,