Familia
Madame Bovary
Muitos clássicos da literatura já foram censurados e seus autores julgados por ofender a moral, a religião e os bons costumes. Em alguns casos, quanto maior o escândalo, maior o interesse provocado nos leitores, que adquiriam os livros movidos pelo sabor do escândalo. Madame Bovary, de Gustave Flaubert, além de causar furor na época, foi além e criou um novo estilo literário.
Considerado a primeira obra-prima da ficção realista, Madame Bovary foi publicado em 1857, causando grande polêmica e levando o governo a processar Flaubert. Com um modo de escrita diferente, recheado de descrições minuciosas, diálogos diretos e retratos psicológicos de seus personagens, Madame Bovary inaugurou o estilo realista. Não há comentários do autor ao longo do livro, tampouco lições de moral acerca dos atos dos personagens. O julgamento não cabe ao narrador, mas ao leitor, que é apresentado ao enredo de um modo direto, muitas vezes brusco.
Apesar de Flaubert não se manifestar ao longo do livro, percebemos sua presença em Emma Bovary, a pecadora e heroína. Por meio do comportamento de sua personagem central, Flaubert critica a burguesia, utilizando-se de ironias e ridicularizando a superficialidade intelectual, a ambição e o apego às coisas materiais. Sendo ele próprio um burguês, desmoraliza-a a partir de seu próprio interior, utilizando um enredo bastante previsível: um marido medíocre e ingênuo e uma esposa entediada e infeliz que anseia por uma paixão arrebatadora. Ela envolve-se com amantes em busca dessa paixão e, por fim, endividada e deprimida, se suicida, deixando o marido inconsolável.
Assim, por meio de um enredo simples e de uma narrativa direta,
Gustave Flaubert deu origem a um dos maiores clássicos da literatura, revolucionando a escrita e