FAMILIA DESESTRUTURADA
Para a pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), não há o modelo ideal. Um lar com pai e mãe não é garantia de atenção à criança
É bem provável que você já tenha lido ou ouvido alguém em sua escola dizer que determinado aluno não aprende porque vem de uma família desestruturada. A ideia, extremamente preconceituosa, deve ser deixada de lado na opinião da psicanalista Belinda Mandelbaum, docente e coordenadora do Laboratório de Estudos da Família, Relações de Gênero e Sexualidade do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Ela defende que pais separados, casais homossexuais, mães solteiras, avós responsáveis por netos e tantas outras configurações compõem núcleos que podem até fugir do idealizado pela sociedade, mas têm plenas condições de obter sucesso na Educação de crianças e jovens sob sua responsabilidade. Para isso, é importante a colaboração do professor no sentido de combater os estigmas.
"Nunca houve um modelo definitivo de família. Ela muda constantemente com a sociedade", afirma Belinda. Para a especialista, o essencial é o estudante ter em casa alguém que exerça os papéis materno e paterno - mesmo que seja uma pessoa só. Os educadores que compreendem essa realidade melhoram o relacionamento da escola com os responsáveis, são capazes de fazer os estudantes se sentirem acolhidos e ainda aprendem a identificar os verdadeiros problemas que os afetam. "É necessário saber o que angustia de fato a criança. E isso só ocorre se for estabelecido um diálogo honesto e livre de preconceito entre os envolvidos na Educação dela."
A estrutura familiar mudou?
BELINDA MANDELBAUM Ela se transforma continuamente durante a história para acompanhar as alterações sociais, econômicas e culturais. Muitos fatores afetam sua configuração, a forma de seus membros se relacionarem e seu modo de ser e de educar os filhos. Nunca houve um modelo definitivo, principalmente na cultura ocidental.