fala sobre negro...
Antonia da Silva Santos1
RESUMO:
O uso da linguagem tem sido fortemente marcado pelos preconceitos, a partir da ligação com outras formas de intolerância, seja racial, religiosa, sexual ou política, sendo difícil superá-las. Na sequencia da controvérsia e da fala, escondeu-se no dito passional, informal ou privado, através da forma do não-dito racista que intimamente é consolidado, algumas vezes, como um pacto de silencio entre dominados e dominadores, ainda. O não-dito traduz uma forma de silencio para a responsabilidade de te-la dito. Neste trabalho, considera-se o negro enquanto falante/depositário de uma língua africana e indivíduo que procurava conservar sua identidade por meio de sua língua em interação com o português e alguns registros que podem ter contribuído para a construção dos estereótipos comuns a toda representação sobre a “fala de negro.”
Palavras-chave: fala, negro, preconceitos.
Introdução
Ao acreditar que a identidade negra é construída pela rejeição ou aceitação do ser negro, compreende-se que, numa sociedade racista que usa diferentes estratégias de discriminação, é-lhe retirado o lugar natural, digno e humano, apesar das tentativas de constituição de um espaço e agendamento de políticas de movimento desse grupo étnico/racial, classificado, socialmente, como negro. Não se pode negar que as relações assimétricas, cujos participantes são negros e não brancos, refletem-se na linguagem, reproduzindo preconceitos e manifestações discriminatórias e de intolerância. Os problemas são camuflados, escondidos debaixo do tapete das conveniências e a linguagem é fator de identidade e de segregação, a partir de quando denuncia diferenças desde que o homem começou a falar. É preciso tomar consciência de que o preconceito e a