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O roteiro de Ronald Harwood ("O Pianista") toma como base o livro homônimo, e molda um personagem inesquecível, que se aproxima do público - principalmente - por sua coragem. O bem sucedido jornalista, que tinha tudo ao alcance das mãos, de repente se vê como um fardo, preso no pesado traje de mergulho que simbolicamente veste no isolado fundo do mar. Mas sua mente não fica encarcerada pelo corpo, ela continua livre... como uma borboleta.
No final, Jean-Dominique Bauby enfrentou a solidão e escreveu seu último capítulo com dignidade. Logo após isso, se livrou do escafandro que o prendia. O que havia desmoronado se reergueu, assim como as grossas camadas de gelo que retrocedem como por milagre na poética cena final.
E a genialidade do diretor emerge deste caos. Schnabel revela seu protagonista aos poucos, saindo de trás dos olhos do mesmo mas nunca focando sua fisionomia. Quando finalmente Bauby se encara de frente - e compreende aquele estado em sua totalidade -, o público já conhece profundamente o personagem. O que vem a seguir então são momentos da vida do homem. Passagens que exemplificam de maneira simbólica o tipo de pessoa que ele era antes do acidente.
O roteiro faz questão de enfatizar tudo que Bauby perde com sua condição: a praia que não poderia ser aproveitada com os filhos; a beleza de lindas enfermeiras, destacada com sutileza - seus cabelos, tornozelos, bocas e olhos estão sempre em foco (a racionalização do personagem sobre essa "injustiça" é de um bom