facilitando a criação do conhecimento
Postado por Juremir em 8 de agosto de 2011 - Educação
Por uma reforma da Universidade e do pensamento
Edgar Morin
Sociólogo, C.N.R.S/França
Há uma dupla missão: a Universidade deve se adaptar à sociedade ou a sociedade deve se adaptar à Universidade? Todos adivinharão que recusarei a escolha, tal qual, e tentarei ultrapassá-la de forma complexa.
Ainda que tenha antecedentes em Bagdá e em Fez, a Universidade, como se disse com freqüência, é o grande presente da Europa medieval à Europa moderna. Em menos de dois séculos, uma constelação de universidades jorrou de Bolonha a Upsala, de Coimbra a Praga. A Universidade é conservadora, regeneradora, geradora. Conserva, memoriza, integra, ritualiza um patrimônio cognitivo; regenera-o pelo reexame, atualizando-o, transmitindo-o; gera saber e cultura que entram nessa herança.
A esse título, a Universidade tem uma missão e uma função transecular que, via presente, vai do passado para o futuro; tem uma missão transnacional, que guardou, a despeito da tendência ao fechamento nacionalista das nações modernas. Dispõe de uma autonomia que lhe permite realizar essa missão.
Segundo os dois sentidos do termo conservação, o caráter conservador da Universidade pode ser vital ou estéril. A conservação é vital se ela significa salvaguarda e preservação, pois só se pode preparar um futuro salvando um passado, e estamos num século em que múltiplas e potentes forças de desintegração cultural atuam. Mas a conservação é estéril se é dogmática, congelada, rígida. Assim, a Sorbonne condenou todos os progressos científicos do século XVII, e a ciência moderna formou-se em grande parte fora das universidades ao longo desse século.
Mas a Universidade soube responder ao desafio do desenvolvimento das ciências operando sua grande mutação no século XIX. Ela se laicizou, isto é, abriu-se à grande problematização generalizada e fundamental, oriunda do Renascimento, que diz respeito ao mundo, à