fabrica de sofrimento
CARDOSO, J. C. Aguiar*
INTRODUÇÃO
O presente escrito trata-se de uma resenha crítica a respeito do livro “A Loucura do
Trabalho”, de Christophe Dejours, e de temas abordados em aulas e estudos individuais do curso de Especialização em Psicologia Organizacional (FACID/FIEPI, Teresina-PI, 2006). É de se presumir que o texto apresenta limitação, pois mostra de modo sucinto o eixo essencial da obra sob um prisma interpretativo. Explica-se inevitável que outros estudos sejam também citados, bem como exemplos de conhecimento do autor que tenham alguma relação com o tema ora enunciado a partir do citado livro.
As páginas a seguir apresentam, de forma resumida, uma percepção acerca de parte do conteúdo da obra de Dejours, na qual traz o tema da “psicopatologia do trabalho”.
Observou-se que o livro tanto contém comentários históricos quanto questões contemporâneas sobre o sofrimento humano em relação ao trabalho, tudo com o objetivo de demonstrar que a organização do trabalho exerce forte impacto sobre o “aparelho psíquico” do homem.
Inicia-se assim essa resenha buscando os conceitos dos vocábulos “Trabalho” e
“Loucura”. De acordo com um dicionário de língua portuguesa, trabalho é “s.m. 1. Exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa. 2. Esforço, labutação, lida, luta.
3. Esmero que se emprega na feitura de uma obra” e loucura é “s.f. 1. Estado de quem é louco. 2. Med. Desarranjo mental; demência; psicose. 3. Ato próprio de louco. 4. Insensatez.”
(Michaelis, CD-ROM Uol, 2003).
Sabe-se que a expressão “loucura” em muitas obras tem conotação positiva:
Erasmo de Roterdã, por exemplo, escreveu no século XVI uma obra enaltecendo suas qualidades – O Elogio da Loucura e o apóstolo Paulo, em suas cartas bíblicas, incentiva os cristãos a aderirem ao que ele designou de “a santa loucura”. Mas na obra de Dejours e, por conseguinte, aqui neste trabalho, a “loucura” é abordada em seu aspecto