Exploração Sexual
A maior parte das explicações das causas da exploração sexual é, na realidade, uma tentativa de encontrar respostas quanto aos motivos de certas pessoas para se engajarem nesse tipo de atividade. Considerando apenas esse aspecto, teremos uma resposta parcial, e, mais uma vez, o assunto ficará centrado no indivíduo que oferece os serviços sexuais. Vários segmentos sociais costumavam conceituar a prostituição como um desvio de caráter ou personalidade, mas hoje vários estudos concordam com a leitura de que tal fenômeno é provocado por um conjunto de fatores sociais, econômicos, culturais, entre outros. É importante destacar que existem divergências em relação aos fatores mais determinantes. Nos países latino-americanos, constata-se uma tendência de considerar esse envolvimento como sendo resultante de pobreza. Nos países desenvolvidos, como sendo resultante de opção. Os pontos de vista também diferem quando se trata de exploração sexual infanto-juvenil ou prostituição adulta. Assim, enquanto para muitas mulheres adultas a prostituição é uma opção profissional, ainda que mobilizada pela necessidade de sobrevivência, os meninos e meninas são conduzidos à prática da prostituição pela pobreza.
Aqui queremos contribuir para desconstruir essa associação mecânica entre pobreza e exploração sexual infanto-juvenil. Esse argumento não resiste a uma simples pergunta: “Por que um imenso contingente de meninas pobres não se envolve em prostituição e encontra outras formas de sobreviver, sem se submeter docilmente à sua utilização econômica?” (SANTOS, B. R. dos, 1996). Por outro lado, o caso de meninas e meninos de classe média que se envolvem em prostituição por razões de consumo de drogas ou outros artigos de consumo parece também contrariar a pobreza como fator determinante exclusivo.
Desconstruir a associação mecânica entre pobreza e mercado sexual não significa negar os fatores econômicos que “determinam” de certa maneira a existência desse mercado.