Exploradores da caverna
Dourado, J. - Primeiramente, é impreterível destacar que embora haja uma predominância juspositivista na aplicação do direito, a importância de uma relação harmônica entre a lei e a moral é essencial. Portanto, não devemos nos prender a extremos.
Analisando a pena destes homens, inferimos que condená-los à forca, seria nada mais que um desperdício de tempo e dinheiro, e ainda pior, de vidas, porquanto 11 pessoas (10 operários mais Roger Whetmore) foram sacrificadas para que a vida destes quatro exploradores fosse preservada. Sentenciá-los à morte seria o mesmo que afirmar que toda essa mobilização fora em vão.
Há aqueles que defendam a total culpabilidade dos réus, ou que eles poderiam esperar algum deles morrerem naturalmente primeiro, ou ainda que devessem ter esperado mais tempo. Contudo, não podemos nos esquecer de considerar o confinamento destes exploradores, tal como a pressão a qual estavam submetidos, que não foi aliviada por ninguém do meio externo quando entraram em contato pelo rádio. Muito pelo contrário, apenas foram alarmados pelos médicos com a notícia da morte iminente. E caso esperassem algum deles morrerem naturalmente primeiro, quem garante que não teríamos mais mortes, supondo que dois deles morressem simultaneamente? Ou talvez três, ou, quiçá todos. Assim, inferimos que a morte de um deles era deveras provável. Ainda nessa questão, devo ressaltar a culpa que as autoridades responsáveis possuem neste caso, visto que ao contatar o acampamento através do rádio e perguntar a respeito do dilema em que se envolviam, Whetmore, falando em nome do grupo, estava ciente de que poderiam haver conseqüências para os eventos que, de fato, vieram a ocorrer. Entretanto, nenhuma autoridade médica, religiosa e, principalmente, governamental ousou dar algum parecer sobre a situação, deixando-os à mercê da leiguice jurídica. Se ainda estivessem fazendo parte da dita sociedade civil - e tinham como dever seguir suas normas - onde estava esta