Expansão Portuguesa
Análise crítica do texto de João de
Barros:
«Como os Mouros vieram tomar Hespanha; e depois que Portugal foi intitulado em Reyno, os Reys delle os lançaram além mar, onde os foram conquistar, assi nas partes de Africa, como na de Asia: e a causa do titulo desta escritura»
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Introdução
A realização deste trabalho assenta na análise do capítulo I, «Como os
Mouros vieram tomar Hespanha; e depois que Portugal foi intitulado em Reyno, os Reys delle os lançaram além mar, onde os foram conquistar, assi nas partes de Africa, como na de Asia: e a causa do título desta escritura» da obra
Décadas da Ásia de João de Barros1. Esta obra surge como forma de enaltecer as descobertas e as conquistas portuguesas no Oriente assim como a política imperial de D. Manuel I. O rei sobe ao trono português em 1495, ficando o seu reinado marcado pelo despontar do império português. Desde cedo defendeu uma política diversificada de defesa dos interesses nacionais e a pretensão de expandir o seu domínio para outros territórios. Reformou ainda as instituições e a paisagem urbana do reino, afirmando-se no contexto europeu como potência independente. Após várias leituras é possível verificar que D. Manuel I se considerava “o eleito de Deus para iniciar uma nova era da criação”2. Posto isto, ao longo da obra, inclusivamente neste capítulo, a política manuelina, é diversas vezes salientada como forma de fazer apologia à grandiosidade do soberano. João de Barros, o autor da obra, era filho bastardo de um Nobre e nasceu provavelmente em Viseu, no ano de 1496. Teve uma educação rigorosa no seio da corte de D. Manuel numa época em que os
Descobrimentos portugueses atingiam o seu auge, facto que desde cedo lhe despertou interesse para a elaboração de uma história dos portugueses no
Oriente. Desempenhou funções como capitão da fortaleza de São Jorge da
Mina, tesoureiro da Casa da índia e ainda feitor das casas da Índia e da Mina.