Existe um homem que tem o costume de me dar com um guarda-chuva na cabeça
Curso Profissional de Técnico de Apoio à Infância
Módulo 4
Existe um homem que tem o costume de me dar com um guarda-chuva na cabeça
Índice
Resumo do conto 3 Divisão em partes 4 Identificação e caracterização do espaço e do tempo 4 Identificação e caracterização das personagens 5 Caracterização do narrador 5 Vida e obra de Fernando Sorrentino 6
Resumo do conto
Faz hoje exactamente cinco anos que um homem começou a dar-me com o guarda-chuva na cabeça, não sei como se chama, é um homem vulgar e de fato cinzento.
Conheci-o numa manhã de calor, estava a ler o jornal sentado num banco da mata de Palermo. Cheio de indignação perguntei-lhe se estava doido, nem sequer ouviu-me. Então ameacei-o de ir chamar uma guarda mas continuo a sua tarefa. Vendo que não desistia da sua atitude, preguei-lhe um soco na cara mas tive pena e senti remorsos do homem por tê-lo agredido.
Porque de facto o homem não me pregava propriamente guardachuvadas, eram antes leves pancadas, absolutamente indolores. Convencido que estava perante um louco, resolvi afastar-me mas o homem seguiu-me em silêncio sem parar de me bater. Desatei então a correr e ele começou a perseguir-me, cansado, pensei que se continua-se cairia morto ali mesmo. Assim retomei o passo.
No seu rosto não havia nem gratidão nem censura, só dava-me com o guarda-chuva. Pensei em apresentar-me na esquadra mas o comandante olhar-me-ia desconfiado e começaria a fazer-me perguntas embaraçosas, talvez acabasse por prender-me. Achei melhor voltar para casa. Meti-me no autocarro 67, onde sentei-me no primeiro banco. Ele sem deixar de dar-me pancadas, subiu atrás de mim e pôs-se de pé a meu lado. Perante esta situação os passageiros deram uma grande gargalhada.
Descemos na ponte do Pacifico e seguimos pela avenida Santa Fé. Quando cheguei a casa, decidi fechar-lhe bruscamente a porta na casa, mas não consegui. Desde então continua a dar-me pancadas, que eu saiba