Evolução da Democracia
Embora eu tivesse apenas 7 anos de idade, lembro-me perfeitamente daquela época. No Rio, cinco candidatos concorreriam ao governo do Estado, nascido da polêmica fusão de 1975: Leonel Brizola, pelo PDT, que acabou vitorioso; Moreira Franco, pelo PDS (herdeiro da antiga ARENA ― Aliança Renovadora Nacional, partido de sustentação do regime militar); Sandra Cavalcanti, pelo PTB (uma ironia uma vez que Sandra, um dos ícones do lacerdismo, concorria pela legenda consagrada por Getúlio Vargas, adversário histórico de Carlos Lacerda); Miro Teixeira, pelo PMDB (que congregava os membros do antigo MDB ― Movimento Democrático Brasileiro, de oposição à ARENA) e Lysâneas Maciel, pelo PT. No dia 15 de novembro de 1982, acordei cedo, fui até a varanda e olhei para a rua lá embaixo, forrada de panfletos de propaganda partidária. Eram tantos os papéis, que mal se via os mosaicos de pedras portuguesas das calçadas de Copacabana. Carreatas ruidosas, com extravagantes bandeiras e cartazes dos candidatos congestionavam as ruas. Nas esquinas, correligionários adversários se enfrentavam em brigas quase cinematográficas. As pessoas comemoravam em toda parte, confraternizavam, cantavam os jingles de seus partidos, desfilavam orgulhosas vestindo