Eventos culturais
O criador na tradição oral: a linguagem do tamborim na escola de samba
Dra. Marianne Zeh Bolsista Recém-Doutor no Laboratório de Etnomusicologia da Escola de Música da UFRJ e-mail: nana@rio-production.de
Sumário: O objetivo dessa comunicação é expor a história do tamborim nas baterias das escolas de samba, suas funções musicais e sua evolução. O foco principal da minha pesquisa são as duas escolas Imperatriz Leopoldinense e Mocidade Independente de Padre Miguel. Uma outra questão trata da importância da pessoa individual como criador nessa tradição oral, diferente da idéia da criação coletiva e o anonimato do autor, expostas em muitas pesquisas. A história desse instrumento por excelência do samba, hoje indispensável no gênero, é expressamente ligada a algumas pessoas chaves que mudaram sua história.
Palavras-Chave: Escola de Samba, Tamborim, Linguagem musical, Criação coletiva, Tradição oral
A história do tamborim nas baterias das escolas de samba “Tamborins, latas de manteiga, cuícas e pandeiros compunham a bateria da Deixa Falar, em sua estréia” (História do samba, 1997: 61). A citação mostra que o tamborim é um instrumento, praticamente sempre presente na história das escolas de samba. Foi na escola de samba Deixa Falar que a bateria ganhou o formato que tem ainda hoje. Os sambistas do bairro Estácio, onde ficava a Deixa Falar, inventaram o surdo e a cuíca, e são responsáveis pela introdução do tamborim na bateria além de modificar padrões rítmicos como Sandroni (2001) debate no seu livro Feitiço decente. Segundo Sérgio Cabral que conta a história das escolas de samba, foram os sambistas Bide (Alcebíades Barcelos) e Bernardo os criadores do tamborim. Bide, parceiro de Armando Marçal, pai de Mestre Marçal, e um dos primeiros percussionistas profissionais, foi um dos fundadores da Deixa Falar. O próprio Bide não tem certeza se foi ele, que inventou o