Eutanasia e distanasia
Na CH de março, especialista em bioética questiona o uso de procedimentos terapêuticos inúteis em pacientes terminais e defende o emprego de cuidados paliativos, que levem em conta aspectos físicos, psíquicos, sociais e espirituais.
O termo ‘distanásia’, mais utilizado na área da saúde, é ainda pouco conhecido pelo público em geral, ao contrário de seu antônimo, ‘eutanásia’, que a todo momento ganha manchetes e causa debates. Sem dúvida, a eutanásia é muito menos praticada do que a distanásia em nossas instituições de saúde, notadamente nas unidades de terapia intensiva, que podem ser chamadas de catedrais contemporâneas do sofrimento humano.
Afinal, o que é distanásia? Essa palavra, ainda estranha até para grande parte dos profissionais da saúde, é conceituada pelo Dicionário Aurélio como “morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento”. Trata-se de um neologismo, de origem grega: o prefixo dys significa ‘ato defeituoso’ ou ‘errado’ e a palavra thánatos significa morte. A distanásia, portanto, é o prolongamento exagerado da agonia, sofrimento e morte de um paciente.
O termo também pode ser empregado como sinônimo de tratamento fútil e inútil, ou seja, uma atitude médica que, na intenção de estender a vida do paciente terminal, submete este a grande sofrimento. Essa conduta não prolonga a vida propriamente dita, mas o processo de morrer. Ela é chamada, na Europa, de ‘obstinação terapêutica’. Nos Estados Unidos, a expressão usada é ‘futilidades médicas’. Cabe, então, perguntar: até que ponto se deve prolongar o processo do morrer se não existe mais esperança de cura? Manter a pessoa ‘morta-viva’ artificialmente interessa a quem?
Morte com dignidade
Partindo da perspectiva filosófica de que a morte é uma dimensão da existência humana, já que somos finitos e mortais, temos o direito não apenas de viver de modo digno, mas também o direito de morrer com dignidade, sem sofrimento ou sem um prolongamento artificial do