Eugenio Barba
CAUÊ KRÜGER
resumo O presente artigo propõe-se a contribuir para o debate acerca da análise antropológica dos fenômenos teatrais nas sociedades contemporâneas. Para tanto, parte da análise das implicações da “Antropologia Teatral” de Eugênio Barba que, apesar de gozar de repercussão mundial e ampla aceitação em inúmeras pesquisas na área de artes cênicas, não possui qualquer validade antropológica. Em contraposição a esta perspectiva acerca do teatro, as obras de Victor Turner, inaugurando o que se convencionou chamar de Antropologia da Performance, fornecem um arcabouço valioso, mas que não raro vem sendo utilizado de forma a-histórica, mecânica e descontextualizada. O objetivo desta contribuição está em destacar a importância da dimensão da experiência na obra de Victor Turner, bem como a validade da análise, já clássica, de Pierre
Bourdieu em sua obra As Regras da Arte (1996). palavras-chave Antropologia Teatral. Antropologia da Performance. Antropologia da Experiência.
ma acessória e apropriando-se de alguns conceitos e orientações segundo interesses próprios, alheios aos objetivos propriamente antropológicos.
A abordagem de Barba parte de discussões específicas acerca da arte da interpretação teatral, tais como “o que é a presença do ator? Por que ao executar a mesma ação um ator é crível e outro não? Será o talento também uma técnica? Um ator pode conseguir a atenção do espectador por meio da sua imobilidade? No que consiste a energia no teatro? Existe um trabalho pré-expressivo?”
(Barba, 1994, p.11). Frente a tais questionamentos, por que a antropologia seria importante para o teatrólogo? Passemos a acompanhar a apropriação (ou interpretação) muito particular da Antropologia segundo Eugênio Barba.
Introdução
Após trabalhar como assistente de Jerzy
Grotowski, diretor polonês imortalizado por sua concepção de “teatro pobre” (ver Grotowski, 1992), Barba passou a desenvolver um método próprio.