Eudcação
A educação tradicional, como é óbvio, começa na família com a outorga do nome ao recém-nascido (os nomes traduzem a identidade da pessoa, podendo significar os incidentes históricos, acontecimentos que ocorreram durante a gestação, a miséria, os infortúnios ou os conflitos familiares, seguido do balbuciar das primeiras palavras (aprendizagem da língua), o que significa a sua inserção na família.
É um processo que não é feito sem rituais e cerimónias de consagração. Nas comunidades rurais, a educação tradicional é progressiva e sujeita-se ao modo de vida e às actividades de cada região, usando para o efeito o método da oralidade, da imitação e das experiências dos mais velhos. Mas para a transmissão de valores tais como respeito aos mais velhos, aos membros da família, sentimentos de pertença à comunidade ou de solidariedade e ajuda mútua, a oralidade toma primazia. Nas diferentes áreas sócioculturais de Angola, entre as instituições e os lugares mais privilegiados para a transmissão desses valores de mais velhos aos mais novos, destacamse: o Ondjango (Umbundu) e Côta/ Tchota (Côkwe) que são um espaço familiar ou comunitário onde os mais velhos resolvem os mais diversos problemas da população (os julgamentos, a entronização de chefes, os conselhos, a recepção de vistas, etc.); transmitem os valores morais, cívicos e histórias da vida comunitária. Tem também sentido de criar bons berços ou boa educação. Os Thucôkwe dizem “Au muthu kexi côta” (essa pessoa não tem Cota), referindo-se a alguém sem educação e que desconhece a sua origem linhageira ou munyaci. Nesses espaços e instituições de sabedoria, os mais velhos contam histórias do percurso da comunidade (origens, relações inter-étnicas, os conflitos, entre outros eventos mais importantes) e passam os ensinamentos sobre a vida dos antepassados fundadores, despertando e formatando nos jovens a consciência de pertença, de solidariedade, de respeito e de assumpção dos valores