Eu, Francisco e o SUS
Augusto Branco
Dedico esse relato à Vera, Goiamara, Wilma
“três mulheres batalhadoras e defensoras da dignidade feminina no momento de gerar e parir” e Terezinha “nossa „senhorinha‟ militante da vida”.
Eu, Francisco e o SUS
O SUS como meu plano de saúde
Não sei bem como começar esse relato, tampouco a quais instituições e/ou pessoas encaminhar essa carta. Decidi então passar para o papel minha experiência como gestante, parturiente, puérpera...enfim como mulher e cidadã. A princípio escrevo para mim mesmo, sem saber ao certo se esse desabafo terá algum destino diferente. Ao citar os acontecimentos que permearam essa vivência, que fique claro que o objetivo não é expor ou ridicularizar qualquer pessoa e/ou instituição.
Meu nome é Christine, sou enfermeira obstetra, mestre em Saúde Pública, apoiadora da
Política Nacional de Humanização do SUS e professora na Universidade Federal do Tocantins.
Embora tenha a formação descrita, tudo o que descrevo o faço a partir do meu papel de cidadã, e não em razão de qualquer outro título que possa me pertencer. Claro que, estar vinculada profissionalmente à área da saúde faz parte da Christine-cidadã, mas definitivamente não é desse lugar que eu falo.
Quando engravidei do Francisco, meu terceiro filho, já fazia uns 2 anos que havíamos optado em ter como único plano de saúde o SUS. Essa não foi uma decisão fácil, mas foi uma decisão consciente. Talvez meu marido e, com certeza, meus filhos não tivessem a verdadeira dimensão dessa escolha, mas eu sabia o que nos aguardava. Sabia sim de inúmeras coisas: das tragédias que rondam nosso sistema de saúde; que teríamos que enfrentar com muita disposição e empenho o mal atendimento e o trabalho alienado de grande parte dos profissionais; das filas
(muitas vezes