eu, eu mesmo e irene
Não há dúvida que o machismo vigora no Brasil e é uma herança maldita da colonização ibérica. Por outro lado, convem [convém] observar um paradoxo: com a industrialização do país, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, com a revolução de costumes dos anos 1960, o sexo feminino passou a gozar de uma liberdade que contrasta com essa mentalidade machista. Além disso, vigora no país, para o bem e para o mal, um sensualismo exagerado, que tem como manifestação mais evidente o exibicionismo do corpo da mulher (vejam-se os casos do carnaval e da publicidade, por exemplo).
Está [Estão] aí os ingredientes implosivos e explosivos do problema no nosso modo de ver: o conflito de mentalidades, o choque entre o machismo retrógrado e os avanços do sensualismo. O choque, naturalmente, não havia de ficar no plano das ideias, num país cujos habitantes costumam agir duas vezes antes de pensar. E o resultado é a violência do estupro, mais uma das violências que desfiguram o cotidiano no país. A propósito, a [há] mais um elemento que não deve ser desprezado, para confirmar essa realidade paradoxal: o estupro é um crime que ofende aos outros criminosos (assassinos, ladrões, traficantes...), sendo notório que os estupradores, tão logo presos, acabam estuprados – o que provoca um saboroso gostinho de vingança aos espectadores do programa do Datena.
Tem [Há] solução para essa realidade? Tem de haver, claro, e a primeira medida a ser apontada é o combate eficiente à criminalidade