No poema podemos ver que Drummond concebe o eu-lírico, uma pessoa nascida na sociedade do consumo, como alguém atado a uma condição inerente e ao mesmo tempo externa e independente a ele. Para Durkheim isso pode ser constatado como um fato social, que ele define como tudo aquilo que está suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção externa; é geral e afeta todos integrantes da sociedade e assim se apresenta como tendo existência própria, insubordinada aos sintomas do indivíduo. Durkheim reconhece que essa condição social que faz a pessoa buscar atributos fora de sua vontade particular e relativa, é o próprio fundamento para conseguir viver em sociedade. Sendo o fato social coercivo ao indivíduo, toda a expressão da individualidade de uma pessoa se contextualiza na própria expressão da sociedade em que essa pessoa se encontra, criando-se assim uma identidade social, essa expressão é universal a todas as pessoas na mesma instancia que se encontra no tempo e espaço dessa sociedade. O eu-lírico do poema não escolheu surgir numa sociedade da qual trata o consumo e a fruição de bens como um valor moral, ao modo que obriga a todos progressivamente consumir. Já Marx olha para o consumo como um estado de alienação do trabalho da sociedade industrial, na medida em que os meios de se produzir não se encontram disponíveis aos trabalhadores. Nasce a concepção de classe que divide os que detém esses meios materiais e os que não os detém. Forjando e sustentando a industria através da necessidade do consumo e de se estabelecer um mais valor de troca, o lucro, em tudo que é produzido para a fruição de bens. Produtos tornam-se mercadorias, ou seja, tomam seu valor no mercado e ganham signos extrínsecos ao seu valor de produção, o trabalho. O consumo vira simbolo determinante de status de valor nas relações sociais.