Eu amo estudar
Propomos, neste artigo, revelar certos aspectos desta retórica consagrada dos críticos de cinema, em particular aqueles que direcionam suas críticas aos filmes brasileiros exibidos em Portugal na década de noventa, nomeadamente ao filme Central do Brasil de Walter Salles.
``Nunca confies no contador, confia no conto''.
T. E. Lawrence.
Comecemos este texto abordando a rica relação entre retórica e comunicação.Trata-se de uma relação constituída de um diálogo partilhado entre um produtor e um receptor, ou seja, aquele que argumenta sempre, por princípio, dirigi seu discurso a alguém. Conforme observa Phillipe Breton (2001:12) um traço peculiar ao argumento ``é o facto de se desenvolver numa situação de inter-relação'', reconhecendo a evidente natureza comunicativa da retórica. Este processo dialético entre representação e público que é, de fato, a retórica, interessa-se, pois, por situações de comunicação intrínsecas à vida em sociedade, embora convém lembrar que o domínio do conhecimento desses processos comunicacionais é o do verossímil e não o da verdade.
Não poderíamos deixar de citar aqui o nome de Chaim Perelman. O teórico fundador da Escola de Bruxelas inscreve seu famoso Tratado da argumentação: a nova retórica (Perelman, 1996:6) sob uma perspectiva comunicacional seja quando sublinha o fato de que é ``em função de auditório que qualquer argumentação se desenvolve'' seja quando reconhece que ``o objetivo de uma argumentação não é deduzir as conseqüências de certas premissas, mas provocar e reforçar a adesão de um auditório às teses que são apresentadas ao seu assentimento''. Com efeito, a idéia de adesão aos espíritos de Perelman ratifica as trocas circulares