Etnocentrismo
O conceito de “etnocentrismo” parte de uma lógica de interpretar as diferenças culturais humanas, estabelecendo critérios de superioridade e inferioridade para a classificação dos povos. A questão central é a estranheza que se estabelece com o encontro de duas ou mais referências culturais. O etnocentrismo se afirma quando há algum choque entre os “diferentes”; nesse contexto, surgem as ideias de “meu grupo” e de “grupo do outro” e a definição de categorias hierárquicas. Normalmente, “meu grupo” é visto como o melhor, o superior, enquanto os outros são vistos como menores, inferiores. A leitura etnocêntrica tem base nos processos históricos que pressupõem a justificativa para a dominação de um povo em relação a outro. Assim, por exemplo, encontra-se legitimidade para o discurso a ação eurocêntrica na colonização da América, da África e da Ásia. Também, com muita ênfase, o etnocentrismo está presente no imperialismo nazista alemão. A doutrina do sangue azul é a principal referência. O etnocentrismo consiste em privilegiar um universo de representações propondo-o como modelo e reduzindo à insignificância os demais universos e culturas "diferentes". De fato, trata-se de uma violência que, historicamente, não só se concretizou por meio da violência física contida nas diversas formas de colonialismos, mas, sobretudo, disfarçadamente por meio daquilo que Pierre Bourdieu chama "violência simbólica", que é o "colonialismo cognitivo" na antropologia de De Martino.
Multiculturalismo:
Referindo-se à necessidade de compreender-se a sociedade como constituída de identidades plurais, com base na diversidade de raças, gênero, classe social, padrões culturais e lingüísticos, habilidades e outros marcadores identitários, o multiculturalismo constitui, segundo autores como Semprini (1999) e Grant (2000), uma ruptura epistemológica com o projeto da modernidade, no qual se acreditava na homogeneidade e na evolução “natural” da humanidade rumo a um acúmulo de