Etnia nos livros de geografia
IVAINE MARIA TONINI
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Abrindo o cenário Trabalhos importantes já foram realizados sobre questões étnicas na maquinaria escolar. Muitos deles apontavam para maneira como são narradas as etnias minoritárias. Alguns discutiram sobre o espaço destinado a elas no conteúdo programático. Outros questionaram sobre a correspondência entre a representação étnica e uma verdade. Enfim, todos apresentam discussões sobre a etnia. Este meu trabalho também é mais discussão sobre esta temática, mas o caminho que percorro para examinar esta temática diferencia-se dos anteriores. O desafio do meu olhar se insere no terreno das discussões que consistem examinar as relações entre etnia e poder, mostrando a operacionalidade do poder na produção das diversas etnias pelo discurso geográfico, inscritos nos livros didáticos. Trata-se nesse estudo, de desnaturalizar a etnia, de problematizar a sua invenção. Mostrar como a etnia como um constructo histórico e cultural, que faz parte do amplo projeto de constituição do sujeito moderno. Longe de ver a etnia como uma noção cristalizada, em que se pode ancorar sentidos e significações perpétuas, mas mostrá-la com significados flexíveis nos discursos geográficos. A intenção deste texto é mostrar como a questão étnica foi colonizada pela Geografia para a compor seu arcabouço temático e, como foram deslocados seus sentidos. Sigo um caminho a partir de algumas questões em torno das quais me parece possível tentar estabelecer determinadas condições que possibilitaram inscrever essa temática nas formações discursivas que inventaram a Geografia. Fazer história disso não tem significado simplesmente revisionista, mas corresponde a uma tentativa de mostrar como as questões étnicas são construídas como objetos discursivos na Geografia e, ao mesmo tempo, mostrar como elas foram adquirindo sentidos, significações. Examino os regimes de verdade que colocam a etnia no centro de uma discursividade, que é