ETINOGRAFIA
Stephanne Ingrid do Nascimento Fernandes
Aluna especial da disciplina ‘A Dimensão Cultural das Práticas urbanas’ – FFLCH-USP
Com o intuito de cumprir exigências acadêmicas para conclusão da disciplina ‘A Dimensão Cultural das Práticas Urbanas’ lancei-me numa empreitada etnográfica no ambiente de aeroportos. Essa observação foi realizada nos aeroportos de São Paulo (Congonhas e Cumbica), Galeão, Natal e Florianópolis, em horários variados.
A princípio a intenção era de observar o comportamento dos frequentadores desses ambientes frente à previsão de realizar uma viagem e também o nível de sociabilidade entre estes.
O desejo de voar data de épocas pré-históricas, fazendo parte de inúmeras estórias fantasiosas, sendo a mais conhecida entre elas, a mitológica lenda de Dédalo e Ícaro que viviam aprisionados na ilha de Minos e construíram asas com penas e cera para que pudessem fugir.
Mesmo depois de tantas décadas de domínio da arte de voar, os frequentadores de aeroportos fazem questão de manter o clima mítico do ambiente. Os corredores, pisos, avisos e alocuções são realizados de maneira a preparar e envolver o passageiro numa atmosfera de segurança, segundo declarações de uma agente da administradora de aeroportos Infraero1 .
Numa porcentagem bruta, cerca de 90% dos passageiros fazem refeições nos aeroportos, e mesmo que já a tenham realizado em casa ou outro ambiente, as cafeterias próximas ao portão de embarque são ponto de parada obrigatório.
Inclusa nessa porcentagem também estão os leitores, que adquirem, em sua maioria, revistas de trivialidades, as quais, mesmo não lidas, são deixadas nos bolsões das poltronas. Esses passageiros, em sua maioria, viajam sozinhos e afirmam que o ambientem de aeroporto e todo o processo do voo instiga a ações que não são costumeiros em casa ou em seu círculo de amizades. Quando perguntados sobre o porquê, dizem que fazem o que