Etienne A Grecia Dos Palacios
2000. Archéologie Historique de la Grèce Antique. Paris, Ellipses: 32-48.
[tradução: Elaine F.V. Hirata1; revisão Labeca]
A história da Grécia tem sido contada a partir do século XII a.C. – fim do sistema palacial em Micenas - e, os manuais mais frequentemente tratam da chamada época histórica, o momento em que a pólis aparece (a partir do séc.
VIII) e passa a dominar o cenário da vida dos gregos até a conquista romana.
Na verdade, a ocupação da península balcânica e do que podemos chamar mundo Egeu remonta a tempos bem mais recuados. Neste texto pretendemos enfocar o espaço cronológico compreendido entre os anos 3 000 e
1100 a.C. conhecido como a Idade do Bronze. Neste período a área egeia conheceu sistemas culturais caracterizados pelo papel central desempenhado pelos palácios especialmente em Creta e na Grécia continental.
Neste sentido há uma aproximação relativa aos modelos de organização espacial (e talvez política e social) do Oriente Próximo, também focalizados no palácio e que são datados do IV milênio, portanto mais antigos2.
Os contatos devem ter sido sistemáticos e constantes desde então levando a empréstimos culturais mútuos. O processo de neolitização nos Bálcãs foi atribuído, não sem uma grande polêmica, a uma transposição das principais
1
Este texto é uma tradução adaptada (com inserção de observações da tradutora) do cap. 4. “A
Grécia dos Palácios “ em Etienne, R., Muller, C.; Prost, F. – Archéologie Historique de la Grece
Antique” , Paris, 2000:32-48
2
Esta aproximação entre o mundo Egeu e o Levantino é atestada desde o IX milênio a.C. por meio, por exemplo, dos achados de obsidiana oriunda de jazidas médio-orientais em sítios do
Egeu
inovações – a domesticação de plantas e animais – do Crescente Fértil, onde teria ocorrido antes.
Assim, por volta de 2100 a.C. é possível detectar arqueologicamente no
Egeu a instalação de um sistema político, econômico e social totalmente centralizado nos palácios. Estas