etica
Ao contrário do que possa parecer, a medicalização não consiste em um processo recente. Ela vem acontecendo na sociedade há mais de dois séculos, durante os quais foi ganhando formas diversas. Podemos notar que à medida que a medicina se insere no social, as práticas e os discursos se apropriam da racionalidade médica. A partir deste momento, a vida cotidiana torna-se medicalizada, posto que o cidadão começa a ter familiaridade com as noções médicas difundidas, passando a conceber a saúde como valor primordial e, consequentemente, a fazer de tudo para preservá-la ou restaurá-la. Uma consequência direta desse processo - a que se precisa estar atento - é a banalização do uso de medicamentos, fato que acontece na maioria das cidades, se não, em todas no Brasil.
A organização capitalista atual, reclamando uma recompensa vultosa dos investimentos em indústrias farmacêuticas, em complexos laboratoriais e hospitalares e em equipamentos médicos, conduziu a uma crescente medicalização dos problemas cotidianos, os quais passaram a ser interpretados como problemas médicos, momento em que se inicia a prescrição de varias drogas a um paciente, sem qualquer investigação do contexto em que está inserido ou da causa real do seu sofrimento.
É fundamental entender que a origem das grandes indústrias farmacêuticas e, consequentemente, do grande aumento na oferta de produtos farmacêuticos, causou uma “explosão farmacológica”, num contexto político mais amplo, passou-se a considerar o excesso na