etica e meio ambiente
No início da era moderna, séculos XVI-XVII, Descartes e Bacon formularam aquilo que será o grande lema da técnica nos novos tempos e que até hoje ainda conserva sua atualidade, a saber: nas palavras de Descartes, a idéia de que pela ciência e pela técnica o homem se converterá em senhor e possuidor da natureza (algo parecido vamos encontrar em Bacon, autor de uma fórmula não menos famosa, segundo a qual saber é poder).Essa visão da ciência e da técnica como instrumento ou meio de poder foi adotada no curso do século XVIII pelos iluministas, que associaram tal visão à idéia de progresso, ao papel libertador do conhecimento (livrar os homens das trevas da ignorância e da superstição) e ao projeto de reforma da humanidade, tencionando a geração do novo homem: autônomo, racional e livre. Pergunta-se, então, como pensar a humanização da técnica e a possibilidade de devolver o poder da técnica e do diabo aos homens, num quadro, como o de hoje, que, depois de Heidegger, só piorou as coisas. Especialmente quando com a engenharia genética as tecno-ciências, mais do que clones ou réplicas, serão capazes de produzir super-indivíduos mutantes e poderosos, segundo as necessidades da técnica planetária, bem como terão os meios para produzir robôs inteligentes mais poderosos do que os próprios homens, porém ainda assim instalados na imensa cadeia de produção tecnológica. Estamos perguntando isso porque acreditamos que a escolha não é entre a rendição total ao império da técnica, ao agrado dos tecnoburocratas, ou a saída de Heidegger e de agrado dos filósofos — Heidegger que, ante à rendição do técnico e do homem comum (o consumidor), rendição que ele rejeita e na qual vê por trás a errância do homem e a ação do nihilismo, opõe à mesma a serena meditação do filósofo e propõe sua fuga da cidade para o campo, e lá bem cuidar das coisas, numa relação direta com a natureza, como a dele próprio ao refugiar-se em sua