Etica protestante e o espirito do capitalismo
De Jostein Gaarder
Cia. das Letras, São Paulo, 1998
Tradução de João Azenha Jr.
Capítulo 12 (Excerto)
O Helenismo
O HELENISMO
(Páginas 144-145.)
É bom rever você, Sofia! Você já viu alguma coisa sobre os filósofos da natureza, Sócrates, Platão e Aristóteles. Com isto você já conhece as bases da filosofia européia. Daqui para a frente vamos nos poupar aqueles envelopinhos brancos com perguntas introdutórias. Suponho que na escola você já tenha lições e provas suficientes.
Vou lhe contar um pouco sobre o longo período que separa Aristóteles, no final do século IV a.C., do começo da Idade Média, por volta de 400 d.C. Note que escrevemos “antes” e “depois de Cristo”, isto porque o cristianismo foi precisamente um dos fatores mais importantes, e também mais misteriosos, deste período.
Aristóteles morreu no ano de 322 a.C., e nesse meio tempo Atenas tinha perdido a sua posição de hegemonia. Isto estava relacionado, entre outras coisas, com as grandes transformações políticas que vieram em decorrência das conquistas de Alexandre Magno (356-323 a.C.).
Alexandre Magno era rei da Macedônia. Aristóteles também era natural da Macedônia e por algum tempo chegou mesmo a ser professor do jovem Alexandre. Foi Alexandre quem conseguiu a derradeira e decisiva vitória sobre os persas. E mais ainda, Sofia: com suas muitas campanhas bélicas, ele uniu o Egito e todo o Oriente, até a Índia, à civilização grega.
Começou então uma era completamente nova na história da humanidade. Surgiu uma comunidade internacional, na qual a cultura e a língua gregas desempenhavam papel preponderante. Este período, que durou cerca de trezentos anos, é freqüentemente chamado de helenismo. Por helenismo entendemos a cultura predominantemente grega vigente nos três grandes reinos helênicos, a Macedônia, a Síria e o Egito.
A partir do ano de 50 a.C., aproximadamente, Roma passou a assumir o predomínio militar. Esta nova grande potência foi conquistando um a um